28 abril 2007
- COISAS QUE A GENTE NÃO PÕE O DEDO -
FATO CONSUMADO
Os suicidas estavam certos:
enforcar-se é a maneira
mais fácil de acabar com
aquele insuportável
nó na garganta.
FATO CONSUMADO
Os suicidas estavam certos:
enforcar-se é a maneira
mais fácil de acabar com
aquele insuportável
nó na garganta.
25 abril 2007
O AMOR NASCE DO SUSTO
ACIDENTES DE DESACONTECIMENTO
No fundo acho que amar às vezes parece um desastre, um desconcerto em alguma parte da perfeita razão humana. Não consigo entender de outra forma a decisão de querer doar-se a outra pessoa senão como um ato de despojo. O amor passa a erguer um certo tom de crueldade quando se anula a si mesmo na esperança de algo ainda muito abstrato. Amar às vezes é um acidente, uma porrada num poste vertiginoso, um arranhão na ponta do nariz. Bem, amar - antes de tudo - é não conhecer regras! Logo, tudo que funciona sem algum tipo de regramento ou ordem acaba por descambar, destrambelhar. E aí onde se arma o circo do desastre, a coisa desordena-se. Mas que graça teria se as coisas se tornassem ordenadas no amor? O amor implica disciplina, e não um sequenciamento de leis que devem ser seguidas num relacionamento. A indisciplina no amor é o próprio acidente, é dirigir bêbado, é a infração mais grave a qual se perde todos os pontos da carteira de motorista que ainda não se tem. Uma carteira que parece que vai servir a todas as pessoas do mundo, menos a você mesmo.
***
O amor é um bicho suspeito. Deve-se saber chegar até ele sem incomodar seu sono, sem mexer no seu osso, sem derramar sua água ou pisar em sua comida. Talvez o que o amor mais exija de nós é que saibamos chegar até ele. Sim, porém não é um chegar e encostar-se nele como se aproveita para encostar-se a uma mulher boazuda em pleno alvoroço de um ônibus lotado, isso não; mas saber chegar até ele nem que seja alisando-lhe, como todo bom homem fajuto sabe fazer quando tem consciência de que pisou na bola como sua mulher.
***
Dizem que “acidentes acontecem!”. E o amor, acontece ou ele é todo o processo de desacontecimento que nos acidenta sem que o percebamos? Quiçá um acidente que nem sobre alguém para que ao menos seja multado – e assim, venha a ter a idéia do que podem ser regras.
O amor não assimila regras. Ele sofre de uma espécie de deficiência mental irreversível em que não há tratamento que ao menos atenue a sua debilidade. É um bichinho que pode ser traiçoeiro: se o tratarmos com ração ele cresce, fica forte, podendo vir a estranhar e nos morder; se não lhe dermos a mínima pode acuar-se, padecer, morrer e assim fazer com que quem apodreça seja nós mesmos, os seus donos. Amar é sinônimo de perigo, é dirigir numa pista com animais igualmente trafegando, é dormir sob a mira de revólveres que irão disparar e você não sabe qual. Mas, que graça teria se esse bichinho que somos soubesse de onde vem a bala que irá acertar nosso coração?
ACIDENTES DE DESACONTECIMENTO
No fundo acho que amar às vezes parece um desastre, um desconcerto em alguma parte da perfeita razão humana. Não consigo entender de outra forma a decisão de querer doar-se a outra pessoa senão como um ato de despojo. O amor passa a erguer um certo tom de crueldade quando se anula a si mesmo na esperança de algo ainda muito abstrato. Amar às vezes é um acidente, uma porrada num poste vertiginoso, um arranhão na ponta do nariz. Bem, amar - antes de tudo - é não conhecer regras! Logo, tudo que funciona sem algum tipo de regramento ou ordem acaba por descambar, destrambelhar. E aí onde se arma o circo do desastre, a coisa desordena-se. Mas que graça teria se as coisas se tornassem ordenadas no amor? O amor implica disciplina, e não um sequenciamento de leis que devem ser seguidas num relacionamento. A indisciplina no amor é o próprio acidente, é dirigir bêbado, é a infração mais grave a qual se perde todos os pontos da carteira de motorista que ainda não se tem. Uma carteira que parece que vai servir a todas as pessoas do mundo, menos a você mesmo.
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O amor é um bicho suspeito. Deve-se saber chegar até ele sem incomodar seu sono, sem mexer no seu osso, sem derramar sua água ou pisar em sua comida. Talvez o que o amor mais exija de nós é que saibamos chegar até ele. Sim, porém não é um chegar e encostar-se nele como se aproveita para encostar-se a uma mulher boazuda em pleno alvoroço de um ônibus lotado, isso não; mas saber chegar até ele nem que seja alisando-lhe, como todo bom homem fajuto sabe fazer quando tem consciência de que pisou na bola como sua mulher.
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Dizem que “acidentes acontecem!”. E o amor, acontece ou ele é todo o processo de desacontecimento que nos acidenta sem que o percebamos? Quiçá um acidente que nem sobre alguém para que ao menos seja multado – e assim, venha a ter a idéia do que podem ser regras.
O amor não assimila regras. Ele sofre de uma espécie de deficiência mental irreversível em que não há tratamento que ao menos atenue a sua debilidade. É um bichinho que pode ser traiçoeiro: se o tratarmos com ração ele cresce, fica forte, podendo vir a estranhar e nos morder; se não lhe dermos a mínima pode acuar-se, padecer, morrer e assim fazer com que quem apodreça seja nós mesmos, os seus donos. Amar é sinônimo de perigo, é dirigir numa pista com animais igualmente trafegando, é dormir sob a mira de revólveres que irão disparar e você não sabe qual. Mas, que graça teria se esse bichinho que somos soubesse de onde vem a bala que irá acertar nosso coração?
22 abril 2007
QUANDO ESCREVO
Quando escrevo, sem querer desescrevo. Porque quando tento escrever o que quero, acaba por sair o que não quero. (As linhas passam a ficar pegajosas qual catarro na parede.) Vou escrevendo e percebo que as palavras fogem ao que deveriam expressar, mas ainda sim expressam algo, porém não o que deveriam. Expressam outra coisa, e a outra coisa que expressam é necessariamente o que não deveria ser dito; no entanto, o dito passa a ser sentido como algo que naturalmente deveria ser escrito. Tento, então, escrever ao avesso. Buscando encontrar na contra-mão o que deveria ser dito. As palavras vão se transformando em blocos que se derretem e se condensam ao serem escritas. E a outra coisa que vai sendo dita sem ter sido provocada vai juntando suas cinzas no que as linhas emudecem em descansam.
Vou escrevendo como um chute torto. Bola que corre pelo lado contrário do campo. Lado contrário do que digo. Porque quando digo, também desdigo - sem querer - o que estava querendo dizer se não fosse o avesso do que já estava dito. Escrever vai logo se tornando um “remar contra a maré”, onde as águas querem afundar o que já está submerso. Escrever vai se tornando uma garoa que acomete o fim de tarde após um dia ensolarado. As palavras vão se encerrando em si mesmas, dizendo pouco ou quase nada do que deveras deveriam dizer, ou quem sabe pelo menos, sugerir. Ao escrever, vou ficando sem o domínio do que é dito, vou ficando seguro do que não digo, dizendo o que desconheço, e desconhecendo o que está expresso. Assim escrevo, assim vou sacramentando o que deveria calar, descalando o que não fala por está escrito.
Quando escrevo, sem querer desescrevo. Porque quando tento escrever o que quero, acaba por sair o que não quero. (As linhas passam a ficar pegajosas qual catarro na parede.) Vou escrevendo e percebo que as palavras fogem ao que deveriam expressar, mas ainda sim expressam algo, porém não o que deveriam. Expressam outra coisa, e a outra coisa que expressam é necessariamente o que não deveria ser dito; no entanto, o dito passa a ser sentido como algo que naturalmente deveria ser escrito. Tento, então, escrever ao avesso. Buscando encontrar na contra-mão o que deveria ser dito. As palavras vão se transformando em blocos que se derretem e se condensam ao serem escritas. E a outra coisa que vai sendo dita sem ter sido provocada vai juntando suas cinzas no que as linhas emudecem em descansam.
Vou escrevendo como um chute torto. Bola que corre pelo lado contrário do campo. Lado contrário do que digo. Porque quando digo, também desdigo - sem querer - o que estava querendo dizer se não fosse o avesso do que já estava dito. Escrever vai logo se tornando um “remar contra a maré”, onde as águas querem afundar o que já está submerso. Escrever vai se tornando uma garoa que acomete o fim de tarde após um dia ensolarado. As palavras vão se encerrando em si mesmas, dizendo pouco ou quase nada do que deveras deveriam dizer, ou quem sabe pelo menos, sugerir. Ao escrever, vou ficando sem o domínio do que é dito, vou ficando seguro do que não digo, dizendo o que desconheço, e desconhecendo o que está expresso. Assim escrevo, assim vou sacramentando o que deveria calar, descalando o que não fala por está escrito.
19 abril 2007
- COISAS QUE A GENTE NÃO PÕE O DEDO -
DAS APRENDIZAGENS COM A MASTURBAÇÃO
A solidão talvez seja
a melhor forma que a Masturbação
encontrou para nos ensinar algo
sobre como ser feliz
vivendo do desejo.
DAS APRENDIZAGENS COM A MASTURBAÇÃO
A solidão talvez seja
a melhor forma que a Masturbação
encontrou para nos ensinar algo
sobre como ser feliz
vivendo do desejo.
13 abril 2007
GARATUJAS, PAPÉIS EM MINHA LETRA
Durante a pré-adolescência, o acanhamento não me deixava se aproximar das meninas da escola em que eu estudava. Ficava quieto, sofrendo em segredo. Doía porque apesar de não ter um contato absoluto com elas, o comportamento e a beleza de algumas eram o suficiente para que eu me apaixonasse. Mas, coragem para dizer o que estava sentido: nada. Apetecia em silêncio. Ficava danado quando qualquer uma delas surgia ao meu lado com aquelas conversinhas de paqueras e flertes com outros garotos, apenas como desabafo ou confissão para se mostrarem “mocinhas”. Naqueles tempos a professora havia me dito que eu escrevia bem, tinha idéias boas; no entanto, minha letra não passava de “uma garrancheira”, dizia na frente de todos. Mesmo assim eu já havia pressentido que escrever para expressar sobre o que eu sentia por algumas das meninas de minha sala (sim, porque já cheguei a me apaixonar por três ao mesmo tempo) era bem mais fácil do que pessoalmente chegar e, cara-a-cara, disparar meus apetites sentimentais.
Deu-se o dia em que decidi escrever a elas. Mostrar o que se passava no coração daquele menino que ficava acanhado na 2ª cadeira da 6ª fila. Escrevi uma carta à Manoela, lembro-me das primeiras palavras da carta: Aqui nestas sôfregas linhas se infiltra o sentimento de um homem que suporta a vida a custo de um amor que não faz ruídos (...). Esta carta teria mais ou menos uma lauda em meia, e foi escrita em dois dias. Depois de entregue, 5 minutos antes do recreio, meu coração começou a bater como o de um cardíaco que dá o seu máximo ao subir uma ladeira correndo. Todavia, durante o recreio minha letra estava servindo de chacota para mais da metade de turma. “Essa letra parece rabiscos de uma criancinha quando pega num lápis pela 1ª vez”, alguém dissera e todos disparam a rir.
***
Para a Amanda resolvi escrever um poema. Escrevi-o em 5 minutos ao chegar à escola. Este poema fora escrito em um papel que embrulhava os bolos que meu pai comprava na padaria perto de casa. Deste poema lembro apenas da quadra final:
Alma minha que te sonda,
Voz da vida que se esconde,
Tua boca versos belos,
Que me beija não sei onde.
Dessa vez chacoteavam de minha letra na aula de ciências. “As veias do corpo humano parecem com a letra do nosso colega ali, que escreveu um ‘poeminha de amor’ ”, disseram gargalhando. Quando a professora se retirou da sala iniciou-se uma guerra de bolinhas de papel. Assisti meu poema ser sacudido de um lado ao outro da sala, amassado, de mão em mão, um colega atirando-o um contra o outro. Eu não achava minha letra feia, no máximo eu achava-a diferente. Diziam que ela era mesmo uma garatuja. A disformidade dela me obrigou a aliar-me à cartilha. Incorri, então, à labuta da escrita. Com efeito, concluí que minha letra havia estragado a estratégia de desmoronar a muralha que limitava a minha timidez e o meu desejo de ser correspondido. A cartilha não adiantou muito à estética de minha escrita, pouco ela mudou. Assim, continuei a amar em silêncio, escondendo não só o que sentia, mas também o que escrevia, deixando que as coisas por si se encaminhassem, alimentando meu apetite com palavras ternas, guardando o que sentia, embrulhando meus versos em papéis que só aos bolos serviam.
Durante a pré-adolescência, o acanhamento não me deixava se aproximar das meninas da escola em que eu estudava. Ficava quieto, sofrendo em segredo. Doía porque apesar de não ter um contato absoluto com elas, o comportamento e a beleza de algumas eram o suficiente para que eu me apaixonasse. Mas, coragem para dizer o que estava sentido: nada. Apetecia em silêncio. Ficava danado quando qualquer uma delas surgia ao meu lado com aquelas conversinhas de paqueras e flertes com outros garotos, apenas como desabafo ou confissão para se mostrarem “mocinhas”. Naqueles tempos a professora havia me dito que eu escrevia bem, tinha idéias boas; no entanto, minha letra não passava de “uma garrancheira”, dizia na frente de todos. Mesmo assim eu já havia pressentido que escrever para expressar sobre o que eu sentia por algumas das meninas de minha sala (sim, porque já cheguei a me apaixonar por três ao mesmo tempo) era bem mais fácil do que pessoalmente chegar e, cara-a-cara, disparar meus apetites sentimentais.
Deu-se o dia em que decidi escrever a elas. Mostrar o que se passava no coração daquele menino que ficava acanhado na 2ª cadeira da 6ª fila. Escrevi uma carta à Manoela, lembro-me das primeiras palavras da carta: Aqui nestas sôfregas linhas se infiltra o sentimento de um homem que suporta a vida a custo de um amor que não faz ruídos (...). Esta carta teria mais ou menos uma lauda em meia, e foi escrita em dois dias. Depois de entregue, 5 minutos antes do recreio, meu coração começou a bater como o de um cardíaco que dá o seu máximo ao subir uma ladeira correndo. Todavia, durante o recreio minha letra estava servindo de chacota para mais da metade de turma. “Essa letra parece rabiscos de uma criancinha quando pega num lápis pela 1ª vez”, alguém dissera e todos disparam a rir.
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Para a Amanda resolvi escrever um poema. Escrevi-o em 5 minutos ao chegar à escola. Este poema fora escrito em um papel que embrulhava os bolos que meu pai comprava na padaria perto de casa. Deste poema lembro apenas da quadra final:
Alma minha que te sonda,
Voz da vida que se esconde,
Tua boca versos belos,
Que me beija não sei onde.
Dessa vez chacoteavam de minha letra na aula de ciências. “As veias do corpo humano parecem com a letra do nosso colega ali, que escreveu um ‘poeminha de amor’ ”, disseram gargalhando. Quando a professora se retirou da sala iniciou-se uma guerra de bolinhas de papel. Assisti meu poema ser sacudido de um lado ao outro da sala, amassado, de mão em mão, um colega atirando-o um contra o outro. Eu não achava minha letra feia, no máximo eu achava-a diferente. Diziam que ela era mesmo uma garatuja. A disformidade dela me obrigou a aliar-me à cartilha. Incorri, então, à labuta da escrita. Com efeito, concluí que minha letra havia estragado a estratégia de desmoronar a muralha que limitava a minha timidez e o meu desejo de ser correspondido. A cartilha não adiantou muito à estética de minha escrita, pouco ela mudou. Assim, continuei a amar em silêncio, escondendo não só o que sentia, mas também o que escrevia, deixando que as coisas por si se encaminhassem, alimentando meu apetite com palavras ternas, guardando o que sentia, embrulhando meus versos em papéis que só aos bolos serviam.
10 abril 2007
- COISAS QUE A GENTE NÃO PÕE O DEDO -
DOS VAGA-LUMES
Os vaga-lumes
só existem por não
gostarem dessas histórias
de escuridão.
de escuridão.
05 abril 2007
O AMOR NASCE DO SUSTO
DAR E RECEBER
Existe algo de inacreditável ao reconhecer o quanto custa viver um amor. Um “amor” na melhor acepção possível, sem a carga romântica que o termo denota. Alerto que o amor não cobra nada senão a doação e o empenho de ambos. O amor é gratuito - mas tem seu preço. Um preço não “tabelado”, mas que exige certa quantia em sua doação. Uma doação que nos faça outra pessoa, pois amar é renunciar a si mesmo em prol de um mundo ignorado que se pode desbravar e conhecer. Amar é como andar de olhos vendados em meio a um precipício que diverge entre a loucura e a lucidez. O custo do amor passa então a ser a própria aventura de querer viver em paz com o que a vida pode vir a nos interpor. Primeiro, vive-se o amor; depois, a vida. E isso passa a ser uma espécie de ritual o qual, inconscientemente, atinamos com alguma rigidez. Pagar o preço e aceitar viver um amor nunca foi uma das tarefas mais fáceis. Porém, é uma das decisões mais inquietantes à alma humana. Schopenhauer celebra o homem e sua sede de amar, na seguinte frase: “O homem precisa amar para não adoecer”. Logo, o homem por si tem a necessidade de amar. À sua forma, mas tem.
O amor não é uma mercadoria que se encontra em todo mercado. Também o preço não é o mesmo independente da qualidade. O preço é apenas uma agressão à própria necessidade de ser amado (a). Embora que o que mais agride as pessoas ao querer viver um amor é o temor a uma possível e trágica validade dele, pois tombar numa relação onde o amor se invalida é machucar-se duas vezes: uma, pela frustração consigo mesmo; e a outra, pela ferida do insucesso exposta. Infelizmente, o amor não é domesticável, não se pode curvá-lo a regras; no entanto, discipliná-lo é a forma mais digna de valorizar uma relação pomposa. A disciplina no amor o conserva e dissipa a carestia que o rodeia. Essa disciplina conduz a graça e o glória na relação. Passa-se a proporcionalizar o dar-e-receber. Amar é não ligar para o troco ou mesmo para a gorjeta. Existe algo de inacreditável quando se descobre que no amor dar já é receber.
DAR E RECEBER
Existe algo de inacreditável ao reconhecer o quanto custa viver um amor. Um “amor” na melhor acepção possível, sem a carga romântica que o termo denota. Alerto que o amor não cobra nada senão a doação e o empenho de ambos. O amor é gratuito - mas tem seu preço. Um preço não “tabelado”, mas que exige certa quantia em sua doação. Uma doação que nos faça outra pessoa, pois amar é renunciar a si mesmo em prol de um mundo ignorado que se pode desbravar e conhecer. Amar é como andar de olhos vendados em meio a um precipício que diverge entre a loucura e a lucidez. O custo do amor passa então a ser a própria aventura de querer viver em paz com o que a vida pode vir a nos interpor. Primeiro, vive-se o amor; depois, a vida. E isso passa a ser uma espécie de ritual o qual, inconscientemente, atinamos com alguma rigidez. Pagar o preço e aceitar viver um amor nunca foi uma das tarefas mais fáceis. Porém, é uma das decisões mais inquietantes à alma humana. Schopenhauer celebra o homem e sua sede de amar, na seguinte frase: “O homem precisa amar para não adoecer”. Logo, o homem por si tem a necessidade de amar. À sua forma, mas tem.
O amor não é uma mercadoria que se encontra em todo mercado. Também o preço não é o mesmo independente da qualidade. O preço é apenas uma agressão à própria necessidade de ser amado (a). Embora que o que mais agride as pessoas ao querer viver um amor é o temor a uma possível e trágica validade dele, pois tombar numa relação onde o amor se invalida é machucar-se duas vezes: uma, pela frustração consigo mesmo; e a outra, pela ferida do insucesso exposta. Infelizmente, o amor não é domesticável, não se pode curvá-lo a regras; no entanto, discipliná-lo é a forma mais digna de valorizar uma relação pomposa. A disciplina no amor o conserva e dissipa a carestia que o rodeia. Essa disciplina conduz a graça e o glória na relação. Passa-se a proporcionalizar o dar-e-receber. Amar é não ligar para o troco ou mesmo para a gorjeta. Existe algo de inacreditável quando se descobre que no amor dar já é receber.
04 abril 2007
"Ás vezes te odeio por quase um segundo/Depois te amo mais/Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo/Tudo que não me deixa em paz/Quais são as cores e as coisas pra te prender?/Eu tive um sonho ruim e acordei chorando/Por isso eu te liguei” (Quase um segundo)
Um dos meus ídolos - nunca escondi de ninguém – Cazuza! Se estivesse vivo estaria hoje completando 49 anos. E este ano irá fazer 17 anos de sua “morte”. Obviamente, uma lacuna que nunca irá ser preenchida na MPB.
“A tua cabaça dura/Que só eu sei tem cura/Que só eu mesmo pra desculpar/Por tanta incapacidade de amar”
(Incapacidade de amar)
A meu ver, talvez uma das vozes mais sólidas de nossos bons anos 80. Poeta-compositor que soube trilhar entre o Rock, a poesia e a MPB sem dever nada a qualquer outro que estivesse em plena atividade artistica de sua época.
Um dos meus ídolos - nunca escondi de ninguém – Cazuza! Se estivesse vivo estaria hoje completando 49 anos. E este ano irá fazer 17 anos de sua “morte”. Obviamente, uma lacuna que nunca irá ser preenchida na MPB.
“A tua cabaça dura/Que só eu sei tem cura/Que só eu mesmo pra desculpar/Por tanta incapacidade de amar”
(Incapacidade de amar)
A meu ver, talvez uma das vozes mais sólidas de nossos bons anos 80. Poeta-compositor que soube trilhar entre o Rock, a poesia e a MPB sem dever nada a qualquer outro que estivesse em plena atividade artistica de sua época.
“Um homem nasce pra brincar/E não pra esculhambar a vida/Um homem nasce pra curar/E cutucar a ferida/Mesmo se for pra transformar/Num inferno um céu conformista/Mesmo se for pra guerrear/Escolha as armas mais bonitas”
(Tudo é amor)
Louvores a “Caju”. Um ícone em nossa música, em nossa poesia. Acredito que sua obra nasceu com muita intimidade com a palavra “imortalidade”. Façamos do veio de Cazuza o nosso espaço de transcedência à própria inibição do homem contemporâneo frente suas (i)limitações.
(Tudo é amor)
Louvores a “Caju”. Um ícone em nossa música, em nossa poesia. Acredito que sua obra nasceu com muita intimidade com a palavra “imortalidade”. Façamos do veio de Cazuza o nosso espaço de transcedência à própria inibição do homem contemporâneo frente suas (i)limitações.
“As ruas cheias de gente procurando/Comprando e vendendo coisas/É importante se ir ao inferno/Ficar uma semana”
(Mal necessário)
(Mal necessário)