28 julho 2008

 
Sobre o professor fictício que nos faz pensar a realidade

É fato que na história da humanidade, e até hoje mesmo, idéias quando são inovadoras demais para determinada época, acabam por causar um certo pasmo entre as pessoas que a elas são apresentadas. E isso é mais perceptível ainda em se tratando do âmbito educacional, uma vez que se trata de uma área que sempre se encontrou inexoravelmente resistente a inovadoras propostas didáticas e, portanto, pedagógicas. Que o diga a linha variada que podemos perceber ao se analisar o trajeto das tendências pedagógicas na história universal da educação. Em vista disso, podemos ver que esta se deu mediante propostas de ensino que surgiam com o intuito de uma se sobrepor a outra. Assim, iremos encontrar de um lado os proponentes (que inovam em sua proposta de ensino), e de um outro, os resistentes (que adota uma postura conservadora do ensino).

Destarte, é nessa perspectiva que se encontra Alberto Soares, personagem-protagonista do livro Aparição, do escritor português Vergílio Ferreira, publicado pela primeira vez em 1959. Alberto, um professor de Língua e Literatura, trava opiniões com o Reitor da instituição de ensino a qual vai lecionar. Não satisfeito com as propostas pedagógicas do professor recém chegado, o Reitor adota uma postura resistente frente aos planos de ensino de Alberto. Sabemos, contudo, que não é porque se trata de uma obra literária ou, se quiser, de personagens fictícias que devemos encarar essa realidade, principalmente, nos dias atuais como uma ilha distante ou um fato inverossímil. Haja vista que essa realidade é hoje talvez uma patente, principalmente, nas instituições de ensino particular, até porque essas são instituições onde o professor pouco tem liberdade para ousar. Parece-nos que essas instituições são infinitamente mais exigentes enquanto aos seus processos de ensino

Daquele modo, conhecedor de sua prática e da necessidade da turma a qual iria ministrar suas aulas, Alberto passa pelo constrangimento de ver suas propostas de ensino minguadas pelo conservadorismo do até então Reitor. Prova disso, é quando o professor em questão é censurado por parte de Reitoria por causa de seu intento de fazer com que os seus alunos redijam acerca de temas existencialistas. Nesse fato, fica exposta toda a resistência desvelada na pessoa do Reitor, e, consequentemente, a frustração do professor Alberto Soares.

Por outro ângulo, ao pensarmos a atitude didática de Alberto Soares, perceberemos que ela está intimamente ligada à maneira como ele vê a existência: um fluxo onde a vida e a morte se cruzam sem respostas imediatas. Por ora, surge uma pessoa com um problema metafísico a ser resolvido, tanto que se revela como um indivíduo que não se esconde em seus próprios problemas, partilhando-os mesmo com os seus alunos, expondo-os e discutindo os conflitos existenciais do ser humano, pregando, portanto, uma didática humanista. Assim, entre várias “Tendências” que se mesclam na prática desse professor de Aparição, podemos, por exemplo, compará-la à prática da Tendência Progressista Libertária, uma vez que é utilizado o método de vivência grupal na forma de auto-gestão, método esse que busca a transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário. Logo, na própria relação com seus alunos, Alberto conta a estes a experiência de “aparição” dele a si mesmo, ou seja, sua experiência de libertação e (trans)formação de seu caráter e personalidade.
De resto, é valido enfatizar que a validade das propostas de um educador passa por outros filtros (proposta da instituição, posicionamento da direção da escola, coordenação pedagógica etc.) que influem diretamente no modo como o professor disporá sua atuação. Dessa maneira, vemos na proposta do professor Alberto Soares uma considerável idéia didático-pedagógica que, por sua originalidade e inovação, chega a pasmar o Reitor que, sendo um filtro, escanteia tal proposta. Finalmente, não podemos julgar como fracasso o insucesso de Alberto. Talvez por falta de vários “Albertos” é que a Escola hoje ainda não tenha alcançado suas metas em alguns aspectos, justamente pelo fato de encontrar em seu próprio seio muita resistência e falta de ousadia para adotar uma prática mais condizente com a realidade sondada pelo próprio professor.

22 julho 2008

 
na foto: Aristéia sendo homenageada por Gonzaga

Ex-cangaceira visita Garanhuns durante o Festival de Inverno

Hoje pela manhã, numa banca de Revista, no Centro da cidade, houve o lançamento do livro Moreno e Durvinha. Sangue, amor e Fuga no cangaço, do autor João de Sousa Lima. Não bastasse isso, além de contar com um bom número de pessoas, contou-se com a presença da ex-cangaceira Aristéia, que foi por demais aclamada por um público interessado pela história do Cangaço e de seu principal representante: Lampião. A ex-cangaceira foi ainda homenageada por Gonzaga de Garanhuns e seu grupo de cultura popular.

18 julho 2008

 


À Suzy II


Quando estou com você, é como se eu estivesse acariciando um leão que dorme com a boca aberta. Em paz.

11 julho 2008

 
À Suzy

Quando você tirou
seus óculos:
aprendi a enxergar
melhor a vida.

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