08 agosto 2009

 

Das pequenas Grandes coisas

Pintura de Caravaggio

É sempre bom aquele mundo da gente onde certas coisas vão se desfazendo. Aquela dorzinha que vai nascendo de manhã, quando a gente vai acordando sem disposição para nada. Num momento quando não percebemos nossa luta pelo desejo de estarmos tão dentro de nós com a imbatível capacidade de ficarmos quietos. Tão dentro de nós como uma rolha que mergulha na própria garrafa de vinho. Sim, sempre foi o dia de ontem o mais difícil de se dizer. Porque o que vem, é só a gente inventar: mascarar as coisas, enfeitar nossos rostos, jogar a serpentina na calçada do vizinho e fazermos de conta que o carnaval está em nossos pés. E aí já haveríamos esquecido aquele lento acumulo de perplexidades que nos persegue todos os dias. A gente fingia que desmoronando somos mais felizes. Daí pensaríamos como seria o nosso castelo, quais jardins levaríamos para dentro de nosso muro.

Não nos assustaríamos. Escuta, fingíamos brincar de inventar o ininventável. Faríamos parte do que não nos cabe: dizer. Que os outros vissem. Será se seria loucura nossa, costurar cada fio da manhã que fosse se configurando pela madrugada que juntos atravessaríamos? Não, pensando bem, talvez não. Todavia a gente já na madrugada poderia já se sentir livre; iríamos riscar as paredes, comer doces, correr na chuva, desafiar o frio, catar folhas de árvores. Com todo o cuidado de um dia jamais esquecer disso tudo. Pois quando a gente esquece das coisas, a gente esquece de quem um dia poderíamos ter sido. Já pensou se um dia nós esquecêssemos que ajudamos uma senhora velhinha atravessar a rua? Neste instante quando dobramos a esquina com ela, ela nos disse que cada dia era um tijolo que esquecia o cimento que lhe fora posto. Rimos juntos e nunca entendemos aquilo. Que bom. Quantas coisas descobre-se sem querer: esperamos mesmo achar o sentido para aquelas palavras que nunca dissemos um ao outro.

Comments:
O sentido da vida. é o que todos buscamos. só nas pequenas coisas podemos encontrar...
bom fim de semana, Wagner. Abçs.
 
"Tão dentro de nós como uma rolha que mergulha na própria garrafa de vinho."

Gostei da imagem.
 
Ola, gostei muito de seu blog, sou daqui de Garanhuns também tenho o blog mas redirecionei para um site o meu fala mas de humor, algo nesse tipo estava pensado em fazer parceria com seu blog o que você acha?
aguardo sua resposta o mas breve, Muito grato.

Alisson Ferreira
Site: www.streetand.com.br
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Eu achei a foto uma analogia com a propria frase: Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Sempre por aqui, adoro.
Beijinhos
 
Impressionante a imagem....e o amanhã..podemos construir um pouco dele amanhã. Por mais que eu digo vive o dia de hoje como se não houvesse amanhã...nada seriamos se nao houver planejamento né...
beijos
 
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