01 julho 2009

 

Quando se aproxima o toque

A: uma mão sobre a ferida. B: um sim sob a negação. De tão inerte os braços de A se escondiam entre o corpo. De tão móvel as pernas de B esqueciam que o tronco as unia. Era um olho que faiscava, e não luzia nada. Se fosse a sensação do que um sentia pelo outro não poderia haver confissões. Toda confissão desnuda. B não conhecia o que estava fora de si. Assim como A enchia de ternura as coisas que dentro dele se revelava aos poucos, sem causar barulho ou alarido. Era uma dor mansa que invadia a um e a outro. Um baixava a vista, como que querendo dizer “não se aproxime”. O outro estendia os olhos, como que dizendo “a distância não me basta”. “Se fosse só sentir saudade, mas tem sempre algo mais...”, era só uma melodia, e penetrava tudo. Era a ritmia. Uma onda. E era os altos e baixos que sempre surgiam diante do que não deveria ser confessado.

“Ponha suas mãos sobre mim e te confesso que não mudei”, um dizia com a boca trancada de tanto estrondo. Que se faça a cruz a tua imagem, disse B sem aspear. Não aspeando também, a tua chaga seja a minha luz, rebateu A sem dar solavancos em sua voz. Talvez porque ambos já trepidassem. E era um querer sem maldade. Pois toda maldade tem um pouco de querer. E quando se deseja sem querença é como um trem descarrilando. Nunca que um fosse pôr a mão sobre o outro com a infantilidade de quem joga a sobremesa fora. A via, B fazia não ver. Mas eram olhos na mesma direção. Que fossem. Sem machucar. Pois olhares também machucam. Os olhos de ambos eram como taças de algodão que se derramavam uma na outra. Eram o cálice que guarda a perfeição da embriaguez.

Comments:
Wagner
Vim agradecer a visita e fiquei impressionada com teu blog. Aqueceu meu coração o sub-título dele. E este texto é incrível: senão houver querença, não há nada...
Estarei por aqui, viu? Um abraço
Nydia
 
Mas que segredo há no poder do encontro?
 
Parabens pelo blog,Wagner. Muito bem escrito. Vim rtribuir sua visita e gostei bastante.
Abraços!
 
Puxa, cara, você escreve muito bem!

Garanhuns exerce sobre mim o poder de uma terra que eu deveria conhecer... O gelo dos sertões...

Um abraço, Wagner!
 
Oi amigo,

Preciso de sua ajuda. Sou seridoense de São José do Seridó. Estou pensando em ir conhecer o Festival de Inverno, mas amigo, pense numa estadia cara. Preciso de ajuda para encontrar um local bbb. Bom, Bonito e Barato. Me ajuda? Espero que sim. Abraços.

O email que uso é: saojosedoserido@hotmail.com
 
Wagner, sigo um trancelim de delicadezas desenhadas e emprenhadas em cada traço de tuas palavras. Grata por me encontrar. Voltarei! bj
 
eu no fim, não sei nada

delete, ando uma chata..
beijo
 
vim retribuir a sua visita
(risos)
Bicho, vamos ler livros
e deixar de mendigar por comments em blog. Perca tempo com isso não Wagner.

ah, cara, só assim a record será nossa.

valeu irmão.
BjO do pai do Rodrigo-palhaço
 
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