28 dezembro 2008

 


PELE DE LOBO EM ALMA DE CORDEIRO?


Como diz a canção de Oswaldo Montenegro: “todo mundo é lobo por dentro”. E somos mesmo. Li O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse, e acabei me convencendo disso. Um livro de grande densidade psicológica. A la Clarice Lispector. Sendo que esta escritora foi um dos nomes que beberam em Hesse para elaborar seus romances psicológicos; portanto, aderente aos traçados literários deste escritor alemão. Gostei do livro, porém, ao terminar de lê-lo, senti-me como se tivesse saído de uma noite mal dormida com uma mulher. É um livro que nos aponta, entre outros, os fracassos humanos de um homem, Harry Haller, personagem quase que esquizofrênica, complexa, que é vítima de uma misantropia sem igual. Hesse consegue, através de Harry, propor condições de reflexão ao homem em seu encargo de aniquilado frente o seu adaptar-se ao mundo. Visto que “adaptação” talvez soe como a palavra mais distante, porém mais certa diante do duelo que a personagem principal trava com a vida, uma vez que Harry, um ser angustiado aflito, culto, reconhece no ser humano as várias almas as quais o homem apresenta no plano terrestre, sendo então estas divididas por circunstâncias: ora o homem, de fato homem, seja em suas alegrias, frustrações, ou em suas condições limitadas; ora o homem-lobo, o animal que todos somos, adormecido em nós, despertado quando diante do mundo nos vemos incapazes de reagir às nossas impossibilidades. Por fim, é um livro que merece ser lido, bem lido, não às pressas. Até porque é uma obra que exige muito poder de concentração sob as ações de cada personagem. Sugiro a leitura deste livro; desde que se esteja em paz consigo mesmo; do contrário, um leitor apressado ou em desespero pode sentir náuseas, achá-lo chato, ou amedrontar-se, haja vista que é um livro que mostra também nossas fragilidades no outro, ou no espelho que não queremos ver nossa imagem refletida. Paro por aqui. Leiam. Não irei comentar nada mais do que isso. Posso finalizar dizendo que é um livro que vale a pena ser lido, é isso. Vistamos nossa pele de cordeiro em nossa alma de lobo.


Comments:
Valeu a visita

FELIZ 2009 a vc.
 
Eu ja li o livro, acho maravilhoso!

Concordo com sua critica!

Beijos
 
Amo Herman Hesse. O Lobo da Estepe, Sidarta e Demian são meus preferidos.
Eu tenho uma análise beeem bacana sobre este livro. Se te interessar, eu posso mandar.
Beijos!!
 
Wagner, ficou a dica, obrigada!
Fiquei curiosa!
 
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