24 setembro 2008

 

foto: Calçado


CIDADEZINHA DE PÉ NO CHÃO


Estive ontem em Calçado, cidade pertencente ao Agreste pernambucano. Fui ministrar uma oficina de Literatura, inclusa no III Pernambuco Multicultural: um festival promovido por uma escola da rede estadual de ensino. Boas experiências. Cidade pacata, de gente nas portas. Não uma “cidadezinha qualquer”. Mas uma cidade miúda, que tudo parece ser amiúde devagar, tipo: “Um homem vai devagar/um cachorro vai devagar/um burro vai devagar”. Fui bem recebido pelo pessoal da escola, sobretudo pelo poeta e amigo professor que me convidou para ministrar a oficina, falo do companheiro Jorge Silva. Iniciei a oficina após um lanche pomposo. A oficina aconteceu na biblioteca. Trabalhamos músicas de Chico Buarque, pintura de Munch, poemas de Drummond, entre outros. Posso dizer que a partir da imbricação destas várias linguagens surgiram bons poemas, com muita originalidade. Foi uma manhã produtiva: acredito que tanto pra mim quanto para os alunos (por sinal muitos sensíveis à Literatura) da oficina.


Posteriormente ao almoço, alguns mergulhos na net, no laboratório de informática da escola em que estávamos. Foi tempo de dar a hora de regressar à minha Garanhuns. Antes, uma boa volta na cidade. Observando seus aspectos geográficos e “arquitetônicos”. Cidade de povo acolhedor, que fica de cabeça na janela espiando o pouco movimento das pessoas nas ruas, de gente descalça, de gente com o pé no chão. Porque lá não dá para ficar descalço sem sentir o chão, que lá é coisa boa. Cidade em que os poemas se escondem. Em que a vida parece esconder-se nos moleques sobre as calçadas, nas velhas debulhando o feijão no terraço, no verde arrodeia as casas, nos cigarros dos bêbados nos bares. Peguei o ônibus de volta. Viagem fervente. Confesso que cheguei em casa um pouco cansado. Porém não pude nem pensar em cansaço, ainda teria a etapa da noite. Mais aula. E assim fui. Vou. Correndo. Dando meus pulos, daqui, dali. “Êta vida besta, meu Deus”.


Comments:
Nunca ouvi falar nessa cidade, mas eu confesso que sempre quis morar em cidade pequena.. tenho um problema retado com trânsito ¬¬
 
kkkkk

tu hein menino
 
Waguinho, só agora pude ler suas considerações à minha cidade, fico feliz por teres te sentido bem acolhido por aqui.
Essa realmente é uma terra de gente humilde, mas muito calorosa. Fica aqui meus sinceros agradecimentos pelo excelente trabalho realizado com o pessoal da oficina e também o convite a voltar.

Grande Abraço.
 
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