05 setembro 2008

CONSIDERAÇÕES SOBRE UM CADEADO
As coisas banais são as coisas as quais são mais interessantes para se escrever. Por exemplo, estava eu aqui no ambiente de trabalho e fiquei observando um cadeado fechado ao ferrolho da porta que fica a minha frente, em uma das duas portas da sala. Boa. Escrevi-o. Dei-lhe vida. Antes pensei: “o que escrever sobre um cadeado?” Ora, respondi a mim mesmo: “O que vier à mente”. Um cadeado: um objeto, frio, quieto, que fica inerte, detendo o poder de submeter o ferrolho ao abrir ou ao fechar da porta. Um cadeado parece um carcereiro, uma história mal contada e abandonada. Um cadeado nos dá a sensação de abandono, de coisas que ficam paradas porque têm a necessidade de se sentirem abandonadas. É muito triste um cadeado. Todo ele tem uma cara de coisa mal resolvida. Um cadeado é um bicho sem autonomia. Um objeto trancado nele mesmo. Todo e qualquer cadeado não tem saudade de suas chaves, pois eles gostam é de silêncio, de tranqüilidade e de paz. Cadeado não permite, ou melhor, não gosta de ser observado. Percebi. Cadeado gosta é de discrição. É um objeto circunspeto. Que não entende sequer porque é visível e grosseiro, rude. Um cadeado é tão apático que gosta é de prender qualquer coisa, como um alçapão que pega passarinho vadio. Cadeado gosta que o deixem sossegado. Vou fazê-lo. Já o observei demais. Ele agora é quem olha para mim. Paro por aqui, antes que ele me prenda, prenda minha minhas palavras, que são passarinhos, vadios.
As coisas banais são as coisas as quais são mais interessantes para se escrever. Por exemplo, estava eu aqui no ambiente de trabalho e fiquei observando um cadeado fechado ao ferrolho da porta que fica a minha frente, em uma das duas portas da sala. Boa. Escrevi-o. Dei-lhe vida. Antes pensei: “o que escrever sobre um cadeado?” Ora, respondi a mim mesmo: “O que vier à mente”. Um cadeado: um objeto, frio, quieto, que fica inerte, detendo o poder de submeter o ferrolho ao abrir ou ao fechar da porta. Um cadeado parece um carcereiro, uma história mal contada e abandonada. Um cadeado nos dá a sensação de abandono, de coisas que ficam paradas porque têm a necessidade de se sentirem abandonadas. É muito triste um cadeado. Todo ele tem uma cara de coisa mal resolvida. Um cadeado é um bicho sem autonomia. Um objeto trancado nele mesmo. Todo e qualquer cadeado não tem saudade de suas chaves, pois eles gostam é de silêncio, de tranqüilidade e de paz. Cadeado não permite, ou melhor, não gosta de ser observado. Percebi. Cadeado gosta é de discrição. É um objeto circunspeto. Que não entende sequer porque é visível e grosseiro, rude. Um cadeado é tão apático que gosta é de prender qualquer coisa, como um alçapão que pega passarinho vadio. Cadeado gosta que o deixem sossegado. Vou fazê-lo. Já o observei demais. Ele agora é quem olha para mim. Paro por aqui, antes que ele me prenda, prenda minha minhas palavras, que são passarinhos, vadios.
Comments:
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Alguém pergunta sobre o que escrever em torno de um cadeado e, ao mesmo tempo, parece afirmar que esse objeto parece "um bicho sem autonomia". Ao observar a fotoghrafia desse cadeado fabricado na Argentina, dou conta de que nele está gravado um códico onde se lê a palavra "LETRA". E da palavra "letra" num cadeado posso até intuir que ele, o cadeado, pede que se leia o outro e a sua autonomia, o outro lado do cárcere, o outro lado do muro, o outro lado das coisas que parecem abandonadas. Dessa leitura podemos intuir que a gente pode recuperar o elo perdido com os nossos sonhos, sobretudo aquels que nos impele à busca da paz. Saudações literárias, Graça Graúna
Gostei do seu blog. Vinha agradecer a visita lá num dos meus cantinhos. Li o seu perfil. Vi o post actual. Achei interessante como fez um post tão bom sobre um objecto que parece à primeira vista não ter nada de interessante.
E depois fui por aí abaixo e li até "Dos direitos do leitor". Gostei imenso. Para mim que sou uma iletrada e que muito do que sei aprendi convosco, o seu blog é para não perder de vista.
Tenha uma boa semana
Um abraço
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E depois fui por aí abaixo e li até "Dos direitos do leitor". Gostei imenso. Para mim que sou uma iletrada e que muito do que sei aprendi convosco, o seu blog é para não perder de vista.
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