22 agosto 2008

 
(Foto: Wagner Marques)

ENTRE OS PAPÉIS AVULSOS, PAGAREI A CONTA DO ALIENISTA


É impossível falar em Machado de Assis sem citar alguma obra sua. E ainda não descobri o porquê disso. (Normalmente acontece quando se fala sobre qualquer escritor?). Talvez pelo fato de seus leitores terem incutido em si a máxima que prega que “a obra é mais importante do que seu autor”. Já parei para refletir umas duzentas vezes acerca disso, e sempre chego à conclusão que não concordo. Defendo que sem o criador não nasceria a criatura. Sem o escritor não nasceria o livro. Se não fosse Deus eu não estaria escrevendo o nome dele agora. (Risos). Logo, sendo a criatura subordinada ao seu criador, já é mais que uma boa razão para que aquela (a criatura) se dobre a este (o criador). Não sei, digam o que disserem, mas acho interessante, sim, discutir o criador em si. É. Creio que a vida (biografia?!) de certos escritores são mais interessantes que suas obras – que seus livros. Verdade.

Pois bem, em vez de ficarmos eternamente martelando – como é de costume – se Capitú traiu ou não traiu Bentinho (que é evidente que traiu!) poderíamos nos perguntar, por exemplo, o porquê de o autor de Dom Casmurro mascarar tanto sua epilepsia, de tal forma que fazia com que muitos pensassem que ele era o mais saudável dos indivíduos. Tá certo que nunca coube a quem tem (ou teve) alguma enfermidade sair por aí a expondo ao mundo. Porém, escritores como Dostoiévsky e Flaubert (dois dos maiores nome da Literatura universal; o primeiro, russo; e o outro, francês) nunca esconderam os ataques que tinham – da mesma natureza dos de Machado – e nunca sofreram (nem suas obras) sequer um arranhão a mais por causa disso. Bem, é fato que há a possibilidade de ter na obra de alguns escritores mais de sua vida do que imaginamos. Contudo, isso só ganha relevância até quando não descobrimos. É o lado desvalido da moeda. Assim mesmo, leio Machado, aos poucos. Todavia se eu desconfiar acerca do que afirmei acima, que pode (sendo ele um escritor) ter mais de sua vida na sua obra do que imagino, descrio o Machado que criei. E julgo-o criatura “póstuma”. Pago a conta do “alienista” pra ele nunca mais saber quem ele foi. Apago seu “memorial”. Dou-lhe “cá um murro”. Mando ele parar com essa coisa de “iaiá”. Vou crer que “Helena” nunca foi mulher de verdade. (Já que ele nunca creu em “ressureição”). Por fim, desprezo seus papeizinhos, “avulsos”.

Comments:
Oi Wagner,

.
Vim retribuir a visita que você fez ao VAN FILOSOFIA.

Fique à vontade pra vir me ler a qualquer hora do dia ou da noite, será um prazer te ter por lá mais vezes.

Vou dar uma espiada no teu blog agora. Mas adianto que só pelo perfil, já me agrada.

E pode apostar que eu não vou desprezar nenhum dos teus papeizinhos.
=)))))

Beijucas
 
Bom jogo de palavras! Adorei!

Não sabia dos ataques dele.... li alguns livros dele e tenho vontade de ler os outros, amo livros!
 
Machado de Assis:?? adoroo...

Beijos
 
Adoro Machado, Wagner.
Desde adolescente.
Os livros, os contos, a fina ironia, a inteligência sagaz.
Tudo.

Beijos.

P.S. Traindo e não traindo, Capitu sempre vai ter aqueles olhos mágicos de ressaca. ;)
 
Wagner, Muito bom o texto rapaz!!! a forma como vc brinca com os nomes das obras de Machado tornou o texto ainda mais interessante... Vc é o CARA!! rsrs bjss
 
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