18 fevereiro 2008
Pintura de Salvador Dali
IMOLAÇÃO DOS OSSOS (Romance)
Capítulo 6
Na minha boca não cabem mais destroços. Palavras presas. Sequer na minha boca cabe o nome de (*). Agora arfante nervo seco. Nasço. (E nascer já me foi bem mais difícil.) A lama me toma: e eu minha voz, (*) e seu grito. Na minha continuidade me dissipo. Em minha larva obscena – a janela que me encurralo. Vislumbro a massa pastosa que me escorre pelas pupilas. Encharco meia lua pó sereno minguante escuridão. Daqui só me envergam palavras ventanias que me batem o coração estúpido. (E o homem só é estúpido quando seu coração bate à toa.)
Nasço outra vez.
(E se nascer for uma contagem regressiva?)
(E se nascer for a sombra silenciosa da morte de tudo em que acreditamos?)
Tenho no peito uma cortina que refrata luzes aflitas. Contínuas! Na verdade tudo que há em mim precisa de mais um pouco de escândalo. Antes eu não sabia o que era escândalo: essa força que nos liberta de qualquer proibição contrafeita. E se existe uma força que nos liberta existe também a que nos aprisiona: amor ventania robusta sobre a as velas cardíacas.
– Acho a madrugada em minhas unhas. Você que me lê não diz nada? O que há então?
Um fio luzente.
Uma pele encoberta.
Conheço a manhã. E não é a pele de (*). Pois lembro que da última vez este perfume não estava em seu corpo. Nem deixei o meu no seu. O amor não deixa perfume, mas se não o embalsamarmos bem, sua carniça nos sopra ventos cheirosos... Contradição? O que é o amor senão a contradição daquilo que a gente efetua sem saber seu devido valor? O que faço por (*) é escrever com a mão esquerda. Sentindo as palavras que desconheço; porque na hora em que tento conhecer as faces dessas palavras, elas me fogem como peixes no aquário. Vou então escrevendo: para desconhecer as palavras que acredito me fugirem.
Capítulo 6
Na minha boca não cabem mais destroços. Palavras presas. Sequer na minha boca cabe o nome de (*). Agora arfante nervo seco. Nasço. (E nascer já me foi bem mais difícil.) A lama me toma: e eu minha voz, (*) e seu grito. Na minha continuidade me dissipo. Em minha larva obscena – a janela que me encurralo. Vislumbro a massa pastosa que me escorre pelas pupilas. Encharco meia lua pó sereno minguante escuridão. Daqui só me envergam palavras ventanias que me batem o coração estúpido. (E o homem só é estúpido quando seu coração bate à toa.)
Nasço outra vez.
(E se nascer for uma contagem regressiva?)
(E se nascer for a sombra silenciosa da morte de tudo em que acreditamos?)
Tenho no peito uma cortina que refrata luzes aflitas. Contínuas! Na verdade tudo que há em mim precisa de mais um pouco de escândalo. Antes eu não sabia o que era escândalo: essa força que nos liberta de qualquer proibição contrafeita. E se existe uma força que nos liberta existe também a que nos aprisiona: amor ventania robusta sobre a as velas cardíacas.
– Acho a madrugada em minhas unhas. Você que me lê não diz nada? O que há então?
Um fio luzente.
Uma pele encoberta.
Conheço a manhã. E não é a pele de (*). Pois lembro que da última vez este perfume não estava em seu corpo. Nem deixei o meu no seu. O amor não deixa perfume, mas se não o embalsamarmos bem, sua carniça nos sopra ventos cheirosos... Contradição? O que é o amor senão a contradição daquilo que a gente efetua sem saber seu devido valor? O que faço por (*) é escrever com a mão esquerda. Sentindo as palavras que desconheço; porque na hora em que tento conhecer as faces dessas palavras, elas me fogem como peixes no aquário. Vou então escrevendo: para desconhecer as palavras que acredito me fugirem.
Comments:
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Olá!
Passei por aqui...
Gostei do blog!!!
Abraços pernambucanbaianos...
Germano.
www.clubedecarteado.blogspot.com
Passei por aqui...
Gostei do blog!!!
Abraços pernambucanbaianos...
Germano.
www.clubedecarteado.blogspot.com
O Nós Pós é um ótimo espaço para o escritor voltar à realidade. Por sinal, vou voltar aqui para ler seu romance.
Abraço.
Abraço.
Gosto de ler o q escreve, as vezes, acho q vc está apaixonado, ou talvez escrever p vc seja descrever sua alma.Parabéns. Sou sua fã, ainda estou esperando o livro.
Querido Wagner, gosto muito de ler sobre as coisas que você escreve, fiquei um poucoi distante do meu blog e em finais de janeiro retornei para cuidar dele como também ando cuidando muito de mim.
Fiz uma indicação lá para você participar de um MEME - momentos.
Abraços.
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Abraços.
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