10 janeiro 2008

 

ANÊMONA, QUER DIZER, “JOANINHA”


Foi desastroso quando me informaram que se chamava joaninha. Há muito eu já estava acostumado a chamar de anêmona. Foi o primeiro nome que intuí chamar quando vi aquele bichinho por sobre uma folha de jasmim no jardim de minha casa, num dia ensolarado. Achei bonito o nome (anêmona), que havia escutado não sei onde e por não sei quem. Então dei pra chamar assim aquela joaninha. Dissera-me que não. Que anêmona era um bichinho que vivia no mar, que tem apenas um buraco em seu corpo que serve ao mesmo tempo de boca e de ânus. Eu ainda não sabia o que era ânus. “É o lugar por onde sai o cocô”, achei estranho. Mas isso não seria tão estranho quanto eu ter que deixar de chamar aquele bichinho de “anêmona”. Passei a achar um desrespeito terrível ter que chamar por outro nome aquela amiguinha que já há alguns dias eu passara a ter guardada em uma caixa de fósforos. Não sabia se iria me habituar a chamá-la de joaninha. De instante e instante chegavam-me meus pais: “joaninha é uma coisa, anêmona é outra”. Eu não sabia que podia chamar também os animais de “coisas” ou “outras”; mas eles eram enfáticos: “joaninha é uma coisa, anêmona é outra”. Foi em um daqueles dias que uma vizinha, D. Quitéria, me informou que uma única joaninha poderia pôr em média mais de mil ovos em cada desova. Achei injusto. Sim, injusto. Pensei: como uma criatura daquele tamanhinho pode pôr tão grande número de ovos, e um animal maior que ela e que também põe, como é o caso da galinha, conseguir colocar minguados números de ovos? Havia coisas que eu não entendia bem. Ou talvez não me explicassem bem. O que acontece é que insistiram para que chamasse a “anêmona” de “joaninha”. Assim o fiz. Duramente. Não havia mais antes de dormir o “boa noite, anêmona!” Passou a ser “boa noite, joaninha!” Deu-se um bom tempo. Corridos. Aquele bichinho morreu. Abri um dia caixinha e ele estava durinho; patas inertes (as seis), viradas pra cima; asinhas retraídas. Restou-me apenas a caixa de fósforos vazia e um longo eco que ainda perdura mesmo com a caixa fechada: “boa noite, joaninha!”

Comments:
Que lindo Wagner !

Mas o que importa se eh joaninha ou anemona ? Afinal tudo isso eh apenas uma questao de nomenclaturas nao eh ?

beijos,
 
Que atire a primeira pedra a criança que não fazia confinamento de bichinhos!!!

Adorei!
 
gostei :)
 
Amei sua visita!!
Amo JOANINHA!
eLAS SÃO LINDAS!
APARECE!
 
jah disse clarice: terminologias transgridem o q a prória coisa é. ñ precisa disso. basta sabê-la. rsrssrrssr

mas eu lembrei logo dos "urubusinhos" com os quais eu fzia minhas experiêcnias científicas qdo era peqerruxa!!! hehehhe eram uns insetos, q ficavam nas árvores, pretos com branco. ñ sei d ond, mas me ensinaram chamar d urubusinhos. fzia coleções deles num vidro!!hahahha

ó, doce tempo esse, ond as nossas preocupações se restringem em descobrir a textura das coisas... ai ai...

bjo!
 
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