10 julho 2007

 

ATRÁS DAS GRADES!


Neste post, um trecho do livro - que no momento estou apreciando - Recordações da Casa dos Mortos, do Dostoiévsky. Esta obra representa um marco na atividade literária de Fiódor, pois a mesma subscreve o exórdio das mais preciosas páginas escritas na história da literatura, uma vez que demarca o começo de seu melhor ciclo como autor de uma prosa cheia de engenho e maestria. Este romance tem como enredo as experiências de um personagem confesso que narra suas vivências num presídio. No fluir do livro, percebe-se toda uma modulação psicológica que cintila entre as diversas práticas de comportamento no ínterim da carceragem. Assim, o leitor passa a exercer certa cumplicidade no momento em que o personagem-narrador o convida à partilha do que por ele foi vivido. Eis uma das passagens que até agora achei mais interessantes, e que faz jus ao nome que este escritor russo tem na Literatura universal:

Os polacos – havia acolá uns seis – eram temperamentalmente arredios e solitários. Alguns eram cultos; sobre eles ainda virei a falar, principalmente sobre os de categoria melhor. Foi por intermédio destes que, nos últimos anos de reclusão, arranjei uns livros. O primeiro que li me produziu uma impressão singular, enorme e diferente. Referir-me-ei a tais impressões mais adiante. Para mim tiveram grande interesse; acho, porém, que em quaisquer outras pessoas nada demais despertariam. Coisas há que a gente, não as tendo experimentado, não pode avaliar. Resumo assim: os sofrimentos morais são muitos mais duros de suportar do que os físicos. O homem atrasado, ao entrar para o presídio, se vê num meio às vezes superior ao que vivia antes. Naturalmente se vê privado de muita coisa: da sua terra, da sua família, de tudo quanto lhe era mais querido: mais o meio é o mesmo. Já o homem culto, que a lei puniu com o mesmo castigo, se ressente de muito mais coisas; vê-se tolhido de todos os seus hábitos e necessidades, tem de se afazer a um meio que repugna, tem de aprender a respirar uma atmosfera muito outra... É como peixe jogado na areia... E para ele o castigo, que a lei considera igual para todos, se torna um tormento dez vezes exacerbado. Esta é a verdade! Mesmo sem se falar no sacrifício dos hábitos materiais.”

Comments:
nunca li esse livro
mas após ler seu post confesso q me interessei

ótimo dia


“Os infortúnios podemos suportá-los; vêm do exterior, são acidentes. Mas sofrer por nossa culpa, ah, essa é a amargura da vida.”
(Oscar Wilde)

Bjos da -=Þëqµëñä Þö놡zä=- !!!
 
Oi Wagner,
por acaso Garanhusn fica próximo a Recife?
Bj
 
Adorooo ler, vou dar uma procurada nesse livro.
Beijos
 
mais é isso que eu digo Wagner, Dostoiévski ainda não se encontrou.

abraços
 
Não li este livro mas ando coletando o nome de muitos.. principalmente em e-books que estou com uma mania de baixa los rsrsr bjo

http://noelevador.zip.net
http://nabolsadamulher.blogspot.com
 
Queria dizer Garanhuns??? Teclar depressa acontece isso...bjo
 
Wagner li esse livro faz tanto tempo que não lembro nada. Comprei há pouco mais ainda não começei o livro escrito pela mulher dele, "Meu marido Dostoievski".
Liliane de Paula
 
bom esse eu nunca li..parece interessante... por concidencia estou lendo um do mesmo autor..adoro literatura russa...to lendo noites branas e to amando...mas valeu a dica...quem sabe esse fica para o proximo q vou ler...abraço

http://noelevador.zip.net
http://vidacretina.zip.net
 
Ptz, li este livro há muitos anos, logo depois de ler crime e castigo. Se bem me lembro o primeiro é a continuação do segundo, no caso o castigo. Fiodor foi um cara de pensamento muito louco e ainda hoje eu penso muito na relação crime e castigo, ainda mais quando penso no Brasil... rs. Abração!
 
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