07 fevereiro 2007

 

O AMOR NASCE DO SUSTO


DIALÓGICA I

(...)

- Não me amas mais?
- Acho que não.
- Acha que não?!
- É.
- Não o entendo.
- Amor também se gasta. Pelo menos enferruja, penso.
- O meu não. É inoxidável.

(breve silêncio)

- Há algum tempo me dizia que o que sentia era eterno...
- Dizia. Não penso mais assim.
- E como pensa agora?
- Não sei ao certo. Ultimamente não ando pensando em nada.
- Como se atreve a deixar as coisas entre nós assim, soltas?
- As coisas precisam de liberdade.
- Não lhe entendo!
- Preciso lançar as sementes da liberdade entre nós.
- Mais outra vez não estou lhe entendendo!
- Releve, entender demais nos dói.

(outro breve silêncio, ela coçando a cabeça)

- Não me levas à sério mesmo.
- Isso pode lhe ser um bem.
- Nunca. “Isso” me machuca. E o que machuca pode ferir...
- Feridas cicatrizam, saram.
- Só quem pode responder por isto é o tempo.
- Não sei.
- Como não sabe?
- Às vezes somos nós mesmos quem determinamos a duração de nosso sofrimento.
- O problema está nesse “às vezes”!
- O problema está no monstro que a gente cria diante das situações...
- Como pode ser tão frio?!
- Todos nós herdamos um pouco das estações, acredito.
- Não agüento mais... Acho melhor ir embora... Difícil agora é saber por qual caminho.
- Deve saber, somos responsáveis pelos nossos caminhos.
- Mais uma, é?
- Depende de quanto você absorver.
- Cansei!

(foi-se pela rua, soluçando, face lacrimejada)

Comments:
Belo post wagner! Este diálogo é poesia pura. Obrigada pela visita no Plâncton. É um prazer conhecer o seu blog.
Abs da Ju
 
Oi, Wagner. É sempre bom vir te visitar, quis fazer um link para você, mas me esqueci como se faz. Vou ter que esperar alguém me ajudar. Mas mencionei o seu blog e roubei uma imagem sua, viu? Beijos,L.
 
a recíproca é a mesma, meu caro. também gostei muito do seu blog. as ilustrações têm muito bom gosto. um abração e obrigada! ;)
 
Wagner, não coneço os blogueiros de Recife. Acredito que Carlos Leite, Morcinha, que estão na minha lista, sejam daqui. Escreva para eles.
Ando sem tempo para internetar. Mas esse tempo vai voltar. Aí vou ler todos os seus textos. Não sou ligada em poesias. Acho que pq na maioria das vezes, não entendo, não me dizem nada.
Liliane de Paula
 
o amor nasce do desencontro, do impossível, do inimaginável, do tudo e do nada.

enfim, parafraseando o maravilhoso Leminski, distraídos venceremos :)
 
Olá, Wagner :)

Vim lhe retribuir a visita, obrigada pelo comentário no Desencaixe.

Adorei seu blog!

Sobre o diálogo, a frieza aparece quando o sentimento desaparece...

...ficam as lembranças fos momentos e ás vez, nem elas.

Afinal, nada é eterno ;)

Beijos =*

 
... naum tenho tantas palavras bonitas quanto os acima... mas achei o texto divertido!!! ... o que aconteceria se falassemos tudo o que pensássemos???
 
ahhh... um blog-paraíso! é isso.
adorei³! posso te linkar? onde achou meu blog? um super beijo...!
 
olá, wagner! eu tb postei algo referente a essa imagem do casal. mto impactante, né?
dá uma passadinha lá, coloquei o teu link.
abração!
cris
 
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