24 janeiro 2007

 

Pintura de René Magritte


O AMOR NASCE DO SUSTO


ABISMOS, PARAÍSOS.


Acho mesmo que estou começando a aprender o que é amar. Amar sem armadilhas. Sem fita métrica. Não haveria termo mais piegas do que este: “aprendendo a amar”. No entanto, é o mais adequado quando se trata de momentos em que a gente se sente seguro com uma pessoa, após vários tombos com outras. Drummond achava que “amar se aprende amando”. A meu ver, é uma concepção que talvez nos leve a uma das maneiras mais ousadas de se aprender a amar, amando. Amar no susto. O amor por si nasce do susto. Isso mesmo, só se começa a amar alguém quando esse alguém nos assusta. É um assombro que nos pega de tal forma que só se espera que a outra pessoa nos compense esse susto com o algo desconhecido que nossa alma pede, enquanto o corpo ainda treme. Vem, então, a ânsia de encontrar o universo da gente naquela pessoa, um universo que contenha todas as ferramentas necessárias à felicidade.

Penso agora: como amar sem armadilhas? É... creio que caí em um caminho tortuoso ao me deparar com esta questão! Nem tanto. Ora, o primeiro princípio que se deve ter em mente ao se pisar no terreno íngreme do amor, é que pode se chegar tanto a um abismo como a um paraíso. Daí a coisa se torna meio que “um tiro no escuro”. Pode se chegar tanto em um lugar como no outro, pelo simples fato do amor exigir cumplicidade, e na cumplicidade qualquer falha corrompe o que existe entre ambos. E o que existe entre ambos não deve ser medido, pelo menos dentro da relação, pois a medida das coisas às vezes nos limita ao que pensamos ser, anestesiando talvez o que tanto um como o outro poderia trazer de positivo à relação.

Amar é mesmo um estragar-se, uma violência consigo mesmo. É um desconhecer-se para conhecer o outro. Uma recompensa que queremos nos dar a fim de compensar as desgraças que a vida nos faz enfrentar, embora no amor às vezes esteja a própria desgraça. Deve-se amar como quem vai sem esperança de volta. Amar com o equilíbrio de quem doma um leão. Com a palavra “imprevisibilidade” sempre a fronte. Amar é tornar-se violento, esfacelado. É dar um algo que não se tem, um fio de luz penetrável.

Comments:
O abismo é o paraíso.
Jogue-se.
Um abraço,
Martha
 
no final, deve ser amar como se nunca tivesse amado... uma e outra vez...
 
ah, em tempo: gostei muito daqui também!
quanta surpresa nessa terra chamada garanhuns =)
 
Amar sem armadilhas é muito chato! Aprensa armar suas armadilhas também! kkkkkkkkkk Bisous
 
Agradeço a visita, Wagner. E assim como eu, volte sempre...

abraços
Dheyne de Souza
 
Adorei este texto sobre amar sem fita métrica!
Demais de real!
Virei visitá-lo mais vezes. Aliás, vou lincar você lá no meu blog.
Obrigada pela visita e comentário!
 
Sim, provavelmente por isso e
 
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