18 janeiro 2007

 

Pintura de Caravaggio


CONSIDERAÇÕES SOBRE UM ABRAÇO


O que me comove - vez em quando - , não, não é a espera de um abraço. (O calor do corpo às vezes é mais importante que um abraço.) Mas se assim tivesse de me enternecer nessa espera, desejaria aquele abraço que parece que os corpos não mais vão se desgrudar, aquele que de quando em quando, nos frustra, faz a gente desejar que tal corpo jamais nos fuja. Hora em que nós esperamos enterrar nosso corpo na outra pessoa. Há pessoas as quais se pudéssemos enterraríamos nossas vidas nelas, sem ao menos fazer questão de velórios ou dias de luto. Mais ainda: viraríamos pó e nos entregaríamos de alma e corpo a elas, ainda fossem redemoinhos. Só que não é tanto o que me comove. Acho mesmo que toda espera é angustiante, ainda mais se tratando de um abraço, pois o abraço foi a forma mais sutil que o ser humano criou para conter seu desejo de virar tatuagem.


Descubro que há pessoas que para serem felizes precisariam de um abraço, um único abraço apenas. Ora, mas um abraço somente não basta. O calor do corpo deve mais que falar; convidar, acolher. Ele (o calor) é o responsável pelo modo cativo da alma. E para se cativar é necessário se ter uma espécie de termômetro no coração, que faça ponte entre olhos e sentimento. Existem pessoas que ficam pequenas em nossos braços, em contrapartida existem também aquelas as quais nossos braços ficam curtos para elas. Todavia, sábio é aquele que mais que encontrar-se num abraço, sabe encontrar-se na pessoa abraçada, como se fosse um encontro com o próprio lençol em noites de frio, com a própria roupa em meio à nudez do corpo.

Comments:
"abraçar
é encostar um coração no outro".
(Rita Apoena)

oia, tu tais querendo seguir os passos de Carpinejar ou os de Paulo coelho?

um abraço da enciclopedia "HORTTICULTURA"
 
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