22 janeiro 2007

 

O QUE EU VIRIA A TER NO CÉREBRO?


Eu devia estar com uns 10 ou 11 anos de idade. “Vou levar esse menino pra sentir água salgada, ver o mar”, disse minha mãe, com intento de que eu conhecesse uma fração da extensão de água que cobre a maior parte da superfície terrestre. Arrastou-me à Maceió, Alagoas. Animei-me. Já haviam me dito que o mar era muito bonito, sobretudo, imenso. A Praia da Sereia foi a escolhida. Seguimos, então. Já na estrada eu sentia algo de salutar na paisagem rural que o caminho me oferecera: gente tangendo gado, mulheres nos fogões de lenha no lado de fora das casas, canavial esverdeado, currais com bichos robustos, menino com estilingue na mão, tratores arando terras, pássaros cortando o céu, garotas de mini-saias curtíssimas nas margens da BR; “tire a vista!”, ordenava-me minha mãe - e assim eu o fazia, mesmo sem saber o porquê.

Ao chegarmos à cidade, uma onda de calor forrou-me logo o corpo. “Sol de quase dezembro”. A quentura daquela capital parecia querer derreter meu cérebro, embora não soubesse o que seria necessariamente um “cérebro”, mas já tinha ouvido alguém falar essa palavra, acabei por achá-la bonita - “cérebro”. Mais tarde deduzi que o “cérebro” ficava na cabeça, conquanto não soubesse em que parte e qual sua utilidade. Chegamos então à pousada aonde iríamos nos hospedar, perto do mar. Avistei de longe a imensidão de água esverdeada que marejava a areia. “É ali”, apontou minha mãe. “Eu sei”, respondi com um ar de sabichão. Após termos deixado as bagagens na estalagem e feito um lanche, seguimos para a praia. Achei um tanto quanto constrangedor sair por aquela avenida com uma coisa que minha mãe me convenceu a chamar de “sunga”.

Apanhei-me surpreendido ao ver tanta gente semi-nua. Começaria aí, então, o meu suplício, ao notar que não seria tão equilibrado a ponto de controlar meus instintos; para ser mais franco, descobri-me, naquela hora, incapaz de suster minha excitação diante de tantas mulheres com corpos expostos. Entortei-me. Fiz o que pude, tentando esconder o mondrongo que surgia na fronte de minha sunga. Tive vergonha de que os outros o percebessem. Aquilo se tornara inevitável. Creio que está diante do mar não me causou tanto êxtase quanto o ato de contemplar tantas bundas e seios expostamente reunidos num lugar só. Virava-me para um lado e para outro, tentando esconder o meu quase reprimido excitamento. Colocava as mãos em cima. Curvava-me com desespero. Sofria...

Flagrei minha mãe em zombaria, num escárnio chistoso à vista da situação em que me encontrava. Generalizou:
- Ah, homens... Será que eles só têm essas coisas no cérebro?! Disse em meio a uma gargalhada fatal.

A palavra “cérebro” novamente me encontrava. “O que é cérebro?” Mais uma vez acabava por me perguntar. Angustiava-me. Não havia encontrado respostas. No entanto, só sabia que eu era homem, e como tal, teria alguma coisa no cérebro! Mas o quê? Obrigatoriamente todos os homens teriam - ou têm - algo no cérebro? Mais difícil ainda seria responder isso! Emudeci. Aquietei-me. Permaneci curioso por mais alguns anos, sem saber se tinha alguma coisa no cérebro.

Comments:
tarado de pequeno. tu já era um pevertido cara.
 
nós homens temos mulheres demais, virilidade demais e cortesia de menos no cerebro, mas um dia evoluiremos para algo pereto do divino.
 
nós homens temos mulheres demais, virilidade demais e cortesia de menos no cerebro, mas um dia evoluiremos para algo pereto do divino.
 
hehehehehe....
belo texto... divertido e surpreendente!!!
Parabéns!!

Se puder me visite tbm!
www.pequenoinventario.blogspot.com
 
Ola Wagner, muito bom conhecer alguem de cidade próxima a mim. Nem conheço Garanhuns mas sempre me encantei com o ouvir falar do clima frio e de flores.
Vou encontrar tempo para ler seus textos todos.
Liliane de Paula
 
Olá Wagner...
ADOREI DEMAIS o seu blog. Mto inteligente!!!! Adorei... heheheh
;)
Obrigadão pela sua visita e comment no meu blog. Fiquei feliz com a mensagem.

Grande abraço
 
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