14 janeiro 2007

 

Foto de Manuel Bandeira



A LA BANDEIRA


Ultimamente tenho acordado com vontade danada de ler Bandeira. Sim, mas ler como uma criança que se entretêm ao chupar seu pirulito. Que poema então haveria eu de ler? (pensei irresoluto) Ansiei um poema que me causasse uma sensação de ingenuidade e ao mesmo tempo me causasse uma impressão de tormento, busca de liberdade. Certo dia, ouvi um poeta dizer que não somos nós quem procuramos os poemas, mas sim eles que nos procuram. Ao abrir Estrela da Vida Inteira, o poema abaixo me saltou como um sapo ao perceber seu predador. Agarrou meus olhos como uma mulher desnuda. Segue abaixo o poema, que se fará a veia deste post:




CANÇÃO DO SUICIDA

Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente.

Com um tiro. Um tiro no ouvido,
Vingança contra a condição
Humana, aí de nós! sobre-humana
De ser dotado de razão.

(Manuel Bandeira, 1963)

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