09 setembro 2006

 
(do livro: Alma de Pedra)

Do verso (à ferrugem)

I. Tudo que (passa) por aqui
é preso ao choque do ar,
nada que se gaste fora,
coisa que se choca lenta.

II. Já agora no emaranhado
de sensações poucas:
o poema emenda e tora,
distorce e planta a casca.

III. E aos poucos o nó cede o verso
à meia-morte da matéria
(apenas meia-morte leve,
sem mais nem menos leveza).

IV. No entanto nada é gasto,
mas sim preso, conectado;
E o poema resiste ao lirismo
(que pelos poros é filtrado).

V. Torna-se assim um verso vivo
(e sem nenhuma ferrugem),
que se debate em agonia aos
Olhos que o alumínio consome.

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